22.1.09

Viver, acreditar e amar (IV)

"Sempre pensara ter feito tudo por tudo. Cedera, aceitara, tentara compreender a visão do outro e também respeitá-la . Podia ter estado longe da perfeição, mas esforçara-se e acreditara nas palavras de compreensão e de segurança, na sinceridade e na tolerância demonstrada, só que pelos vistos até isso tem um fim, mesmo que Maria não compreendesse totalmente porquê.
Chegava à conclusão que tudo se evapora no ar. Tinha já duvida quanto ao que era real e o que era do seu imaginário. Relembrava o passado. Não teria já Maria previsto isto?
Duvida agora de tudo...era dificil acreditar fosse no que fosse. Só acreditava agora em si mesma e no que sentia, embora todos os seus sentimentos se tivessem dissolvido dentro de si, no misto de amor, tristeza e mágoa, mas ao menos isso sabia que era verdadeiro.
Como podia tudo mudar do dia para à noite ou até de dia para dia, assim sem mais nem menos? Havia qualquer coisa que faltava ali. Havia muita coisa que já não compreendia e outras tantas para as quais nunca obtera resposta...e provavelmente jamais obteria.
Decidira que não iria fazer mais nada, que já tinha feito tudo quanto podia e nem tudo dependia de si. Também já não conseguia esconder mais o que lhe ia na alma, não conseguia mentir para disfarçar a dor que sentia...tivera de desabafar, não era de ferro, embora as vezes gostasse de o ser.
As horas passavam por si silenciosas, o mundo continuava a girar...ela iria continuar também, pois "o que não nos mata, torna-nos mais fortes".

Pensava agora no futuro...tão longíquo e tão próximo. Sempre imaginara um dia partir, mas com o intuito de voltar. Arrumava a sua vida nos próximos tempos e, talvez, arrumasse a bagagem e fosse à procura de um novo começo. Contudo, sabia que mesmo que o fizesse voltaria, havia pessoas que nunca conseguiria deixar para trás, aquelas que sempre estiveram consigo.

Dava consigo a perguntar-se novamente porquê? Já sua mãe lhe tinha dito tantas vezes que "Deus escreve direito por linhas tortas"...talvez, mas que tortas que são aquelas linhas.
Sua mãe...era quem ela menos queria que a visse assim, pois saberia o quão isso a afectaria, o quão a iria tornar mais céptica, mais defensiva e o quão a iria deixar preocupada e sem descanso. Sempre lhe dissera que nunca a quereria ver sofrer, porque se Maria sofresse o equivalente a um dedo, para ela seria equivalente a um braço...era a sua maneira simplista de expressar os seus sentimentos.

Maria ia conseguir, tinha que conseguir..."

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