21.1.09

Viver, acreditar e amar (II)

"Os dias passavam, e a angustia mantinha-se.
Nunca pensara que o silência pudesse ser tão cortante. Tentava manter a cabeça ocupada ouvindo, pois nem sempre via, um dos seus filmes, que lhe relembravam bons momentos.
Já tinha ido ao médico e as suas suspeitas pareciam fundamentadas, mas teria que esperar. O tempo passa tão depressa e mesmo assim estasse sempre hà espera.
Ela haveria de ser forte, por si e por todos. Mas não se revelava fácil. Ora tinha momentos em que acreditava que conseguiria levante tudo avante como desejava, ora se sentia inútil, despida de qualquer força para continuar a viver.
Ás vezes a vida chegava a ser aborrecida, de tão monótona que era e de tão difícil que se costumava revelar. Mas quando achava que nada poderia ser pior, tudo se tornava sempre muito pior.
Quando pensava que poderia tomar algo como seguro, acontecia sempre algo que a fazia pensar novamente. Quando julgava ter conseguido um triunfo, um desafio ainda maior surgia. Tinha dias em que Maria já só pedia por uma pausa da vida para recuperar.
Chegara a pensar em fazer-se de completamente maluca...talvez andar nua...ok...semi numa pela rua em pleno inverno para ver se a internavam nos agudos. Pior seria se saísse de lá pior que o que tinha entrado.
Não. Fugir aos problemas não era, nem nunca seria uma solução. Sempre gostara de debater-se com eles de frente e resolvê-los o quanto antes. Tratava-se sempre da mesma questão: a vida é demasiado curta para acumular problemas, sejam eles de que tipo for, fora o facto de eles estarem constantemente a aparecer, como que formigas a multiplicarem-se debaixo de pedras.
E depois quando se punha a pensar nos problemas que o mundo inteiro tem, pensava para si "quão insignificantes podem chegar a ser os meus".
Ao longo dos anos tinha chegado à conclusão que se valoriza muito o que menos interessa e se desvalorizam as pequenas coisas que realmente fazem a vida. Um gesto, um sorriso, um abraço, um beijo, um olhar cumplice, uma brincadeira de meninos, um ombro amigo, uma boa conversa, quanto mais não valiam que mil e uma coisas com que toda a gente se preocupa.
Amar era o que fazia mais sentido. Amar e ser amado. Um amor altruista quem se calhar nem sempre é assim tão altruista, pois Maria achava que ao dar, recebia sempre algo em troca. Podia não o ser da mesma forma: podia comprar uns quilos de massa para o banco alimentar, amava ajudando e recebia em troca essa gratificação, por exemplo.
É amar a vida tal como ela é. Embora Maria pensasse que amava a vida também porque se sentia amada.
Enfim, eram reflexões que tinha para si, por vezes horas e horas a fio.
Decidira ir beber um chá e não se martirizar mais...e tentaria fazer algo produtivo. Afinal de nada lhe adiantava dormir (ou tentar fazê-lo) horas a fio, vendo os dias passar. Isto claro, se os seus vizinhos não fizessem questão de incomodar com tanto barulho...bem, sempre era uma forma de também manter a mente ocupada..."

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